Querido diário,
Sabe, quando as pessoas
dizem que há males que vem para o bem, acho que não estão enganados. Vou lhe
explicar porquê isso teve a ver com o dia de hoje.
Segundo nossos horários,
hoje os alunos da Grifinória e Sonserina do primeiro ano, teriam sua primeira
aula de vôo. Os alunos de ambas as casas não paravam de comentar sobre
quadribol, o esporte principal do mundo dos bruxos. Simas Finnigan e Ronald
Weasley comentavam com Harry Potter e Dino Thomas sobre as partidas curtas de
quadribol que jogavam em casa na infância. E não eram só eles que viviam
falando de quadribol pelos corredores. Todos os alunos de famílias bruxas do
primeiro ano falavam muito sobre o assunto, entre eles, Draco Malfoy, da
Sonserina. Ele reclamava em alto e bom som que achava um absurdo os alunos do
primeiro ano não poderem entrar nos times de quadribol das casas. Eu,
pessoalmente, diário, acho que é melhor assim. Eu nunca achei seguro um bruxo
ficar em cima de uma vassoura. Tenho medo de altura, confesso, por isso que eu
não estava tão entusiasmada quanto os outros alunos. Em vez de entrar na roda
dos alunos ansiosos, eu resolvera ficar apenas lendo o livro Quadribol através dos séculos, que
poderia me ajudar muito em minha primeira aula. Alguns alunos, como eu, estavam
um pouco nervosos, por isso, durante o café-da-manhã, resolvi ajudá-los com
algumas das inúmeras informações do livro. Um dos que mais me perguntavam sobre
o que eu dizia era Neville, que parecia tão nervoso quanto eu para a primeira
aula. Resolvi lhe contar sobre alguns macetes que encontrei no livro, mas
Neville sempre me interrompia para perguntar sobre algo que eu tinha dito. Então,
parei de falar assim que o correio-coruja chegou. A coruja-das-torres voou em
minha direção e depositou um pacote endereçado na mim, de meus pais. No pacote
vinha uma carta deles e uma caixa de docinhos sem açúcar que eles mandavam. Ao
meu lado, Neville havia aberto uma caixa pequena que receba de sua coruja e
tirara um Lembrol de dentro. Ele estava explicando a Harry o que era um
Lembrol, quando Draco Malfoy e seus amigos da Sonserina pegaram o objeto das
mãos de Neville. Harry e Ronald deram um salto, prontos para enfrentar Draco,
mas, felizmente, a professora Minerva passava no corredor do salão na hora e
impediu a briga. Ainda bem.
À tarde, os alunos do
primeiro ano da Grifinória saíram da sala comunal e rumaram para fora do
castelo. Os alunos da Sonserina já estavam lá e, perto deles, estava Madame Hooch,
a professora de quadribol em Hogwarts. Seus cabelos eram curtos e acinzentados,
seus olhos amarelos e usava veste azuis.
-- Vamos, o que é que estão
esperando? – perguntou Madame Hooch com rispidez. – Cada um do lado de uma
vassoura. Vamos, andem logo.
Todos os alunos obedeceram e
se posicionaram. Olhei a vassoura parada no chão e hesitei um pouco. Eram
realmente necessárias as aulas de vôo? Eu não gostava nem um pouco de ficar
fora do chão, muito menos ficar sobre algo tão estreito como uma vassoura.
-- Estiquem a mão direita
sobre a vassoura e digam “Em pé!”. – ordenou a professora e assim fizemos.
Uma coisa intrigante
aconteceu. Harry Potter, que estava ao meu lado, assim que disse “EM PÉ!”, a
vassoura sobre a qual sua mão estava sobre ela, pulou imediatamente para sua
mão. Mas poucos alunos isso aconteceu. Voltei minha atenção para a minha
vassoura e, mesmo eu ordenando, ela apenas revirava-se na grama. Tentei manter
a voz controlada por causa de meu nervosismo, mas não consegui. Felizmente, eu não
era a única. A vassoura de Neville estava imóvel e a de Ronald Weasley deu um
solavanco e atingiu em cheio a testa dele. Draco Malfoy conseguira na segunda
tentativa fazer a vassoura pular para sua mão. Ele e Harry foram um dos poucos
a conseguirem este feito. Eu não estava feliz em não conseguir fazer uma
simples e velha vassoura me obedecer e pular para minha mão.
Depois de muitos minutos com
os alunos gritando “Em pé!”, a professora nos ensinou a montar nas vassouras
sem escorregar pelo outro lado. Era fácil. Tínhamos que apoiar bem os pés nos
pedais e segurar bem no cabo. Professora Hooch passou por entre as fileiras
corrigindo a maneira dos alunos de se segurarem nas vassouras. Ela chamou a
atenção de Draco Malfoy por ele estar segurando de maneira errada e, com
rispidez, o ajudou. Depois, retornou à sua posição na frente da turma e disse
em alto e bom dom para que todos ouvissem:
-- Agora, quando eu apitar,
dêem um impulso forte com os pés. Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns
centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente.
Quanto eu apitar... três... dois....
Mas Neville, de tão nervoso
que estava, dera um impulso muito forte com os pés e pôr-se a voar muito alto,
uns seis metros sobre nós. Era óbvio que não tinha um bom controle sobre a
vassoura e sua expressão de pavor estava apenas confirmando isso. Madame Hooch
gritou para que ele voltasse, mas Neville não conseguia. Até que ele acabara
caindo da vassoura em pleno ar e ouviu-se um estalo. Fraturara um osso.
Madame Hooch correu para ele
e murmurou algo como “Pulso quebrado. Vamos, menino, levante-se.” Depois,
virou-se para o restante da classe.
-- Nenhum de vocês vai se
mexer enquanto levo este menino ao hospital! Deixem as vassouras onde estão ou
vão ser expulsos de Hogwarts antes de poderem dizer “quadribol”. Vamos,
querido.
E Madame Hooch distanciou-se
da turma com Neville cujo rosto estava vermelho e repleto de lágrimas. Assim
que saíram perto o bastante da turma, Draco Malfoy caiu na risada.
-- Vocês viram a cara dele,
o panaca? – disse enquanto dobrava-se de rir, os alunos da Sonserina fazendo
coro.
-- Cala a boca, Draco! –
retrucou Parvati Patil, o que me deixou realmente surpresa com sua atitude.
-- Uuuu, defendendo o
Neville? – disse Pansy Parkinson, uma aluna da Sonserina. – Nunca pensei que você gostasse de manteiguinhas
derretidas, Parvati.
Parvati corou e baixou a
cabeça. Os alunos da Grifinória, porém, fecharam a cara para os alunos da
Sonserina, que agora riam pra valer com o comentário de Pansy Parkinson.
-- Olhe! – disse Draco,
pegando uma esfera transparente da grama e o erguia sob os olhos. – É aquela
porcaria que a avó do Neville mandou.
Era o Lembrol.
-- Me dá isso aqui, Draco. –
falou Harry. Todos os alunos ficaram em silêncio.
Draco soltou uma risadinha
desdenhosa.
-- Acho que vou deixá-la em
algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?
-- Me dá isso aqui! – gritou
Harry, mas Draco já estava na vassoura e voando. Ao contrário de Neville, ele
realmente sabia voar bem.
-- Venha buscar, Potter! –
desafiou Draco, perto dos ramos altos de um carvalho.
Eu não acreditei que Harry
iria mesmo voar. Quer dizer, ele colocaria a turma toda em encrenca. Eu não
estava me importando com Draco ou com o pessoal da Sonserina, mas se Harry
queria colocar a turma da Grifinória numa enrascada, eu tinha que intervir.
-- Não! – gritei para Harry,
quando este pegou a vassoura, pronto para voar. – Madame Hooch disse para a
gente não se mexer. Vocês vã nos meter em uma enrascada.
Mas obviamente que Harry não
me daria atenção. Eu sabia que ele me ignoraria e voaria do mesmo jeito, mas
foi melhor eu tentar pelo menos impedi-lo.
Uma coisa era certa: Harry
também sabia voar muito bem. Isso talvez fosse pelo fato do pai dele, Tiago
Potter, ter sido apanhador da Grifinória. Ele seria também um apanhador ou
integrante do time como o pai, um dia?
Eu estava nervosa. Nervosa
pelo fato de Madame Hooch aparecer do nada, ver Harry e Draco montados nas
vassouras e colocar a culpa na turma por não impedi-los e de nos expulsar de
Hogwarts! Não, eu não agüentaria ser expulsa de Hogwarts, eu não seria!
Houve um momento em que vi
Draco falar alguma coisa para Harry e lançar o Lembrol. Harry disparou atrás da
pequena esfera transparente, que subia e agora descia rapidamente, indo em
direção ao solo. Antes de o Lembrol tocar no chão, Harry o agarrou com
agilidade e pousou suavemente na grama. Os alunos da Grifinória, incluindo eu,
correram até Harry. Alguns o parabenizavam pelo excelente vôo na vassoura,
outros por ter enfrentado Draco daquela maneira e não voltar atrás. Mas antes
que a alegria contagiasse mais os alunos, uma voz severa ecoou no local.
-- HARRY POTTER!
A professora Minerva vinha
até os alunos com uma expressão dura.
-- Nunca... em todo o tempo que estou em Hogwarts... como é que você
se atreve? Podia ter partido o
pescoço...
A professora tremia em cada
frase dita de tanto espantada que estava com Harry. Os alunos da Grifinória
colocaram-se a defendê-lo.
-- Não foi culpa dele,
professora...
-- Calada, Srta. Patil.
-- Mas Draco...
-- Chega, Sr. Weasley. Potter, acompanhe-me, agora.
Os alunos da Sonserina,
incluindo Draco, Crabbe e Goyle, davam risadinhas de prazer ao ver Harry seguir
cabisbaixo a professora Minerva. Os alunos da Grifinória perguntavam entre si o
que a professora queria com Harry. Virei-me para Rony Weasley e disse:
-- Viu o que aconteceu?
Agora Harry pode ser expulso, ou melhor, todos nós podemos ser expulsos, e você
não fez nada para evitar que seu amigo voasse!
-- O que queria que eu fizesse?
E além do mais, você está mais preocupada em não se expulsa, não é?
Não respondi. Felizmente,
Madame Hooch chegou até nós e pediu para que deixássemos as vassouras no chão,
pois a aula já havia terminado por hoje. Ela não mencionara nada sobre Harry ou
professora Minerva, então supus que ela não soubesse do acontecido.
Enquanto caminhava pelos
corredores até o salão principal, o único assunto sobre os alunos do primeiro
ano das casas Grifinória e Sonserina era sobre Harry. Esperançosos, os alunos
da Sonserina torciam para que o pior acontecesse e Harry fosse expulso. Por
outro lado, os alunos da Grifinória pensavam positivamente e achavam que a
professora Minerva só daria, no máximo, uma advertência a ele. Eu esperava que
fosse isso.
O dia permaneceu normal, até
pelo menos a hora do jantar. Quando Harry entrou no salão, acompanhado de
Ronald Weasley, sentaram-se animados na mesa de jantar. Como eu estava a apenas
um lugar de distância deles, deu para ouvir o que estavam conversando.
-- Sou o novo apanhador da
Grifinória. – disse Harry feliz.
-- Você está brincando! – exclamou Rony. – Apanhador? Mas os alunos do primeiro ano
nunca... você vai ser o jogador da
casa mais novo do último...
-- Século. – completou
Harry. – Olívio me disse.
Dava para perceber que Rony
estava absurdamente admirado com a notícia. Tão admirado que esquecera de que
estava com o pastelão de rins a caminho da boca.
-- Vou começar a treinar na
próxima semana. – continuou Harry. – Só não conte a ninguém, Olívio quer fazer
segredo.
Voltei a prestar atenção em
minha refeição, enquanto meu cérebro registrava os fatos. Então, Harry não
havia se dado mal, no final. Ele fora escalado para novo apanhador do time de
quadribol da Grifinória. Acho que estava mesmo confirmado de que Harry tinha
mesmo o sangue de um jogador de quadribol nas veias, assim como Tiago Potter,
seu pai.
Assim que o jantar fora
substituído pela sobremesa, Draco Malfoy, ladeado por Crabbe e Goyle.
-- Comendo sua última
refeição, Harry? Quando vai pegar seu trem de volta para a terra dos trouxas?
-- Você está bem mais
corajoso agora que voltou ao chão e está acompanhado por seus amiguinhos. –
disse Harry calmamente para Draco.
-- Enfrento você a qualquer
hora sozinho. – disse Draco. – Hoje à noite, se você quiser. Duelo de bruxos.
Só varinhas, sem contato. Que foi? Nunca ouviu falar de um duelo de bruxos,
suponho?
-- Claro que já. – respondeu
Ronald, virando-se para encara Draco. – Vou ser o padrinho dele, quem vai ser o
seu?
Draco demorou um pouco e por
fim disse:
-- Crabbe. Meia-noite, está
bem? Nos encontramos na sala de troféus, está sempre destrancada.
Draco Malfoy se retirou e
Harry e Rony começaram a conversar novamente. Eles não poderiam estar falando
sério! Um duelo de bruxos? O que Harry queria afinal? E se ele e Ronald fossem
apanhados indo para a sala de troféus por Filch ou algum professor? O que
aconteceria à Grifinória? Perderia mais que pontos? Eu tinha que intervir.
Antes de sair do salão, prostrei
atrás deles e falei:
-- Com licença.
-- Será que a pessoa não pode
comer sossegada neste lugar? – exclamou Ronald, mas ignorei-o e dei atenção a
Harry.
-- Não pude deixar de ouvir
o que você e Draco estavam dizendo...
-- Aposto que podia. –
resmungou Ronald.
--... e você não deve andar
pela escola à noite, pense nos pontos que vai perder para a Grifinória se for
pego, e você vai ser. É muito egoísmo de sua parte.
-- E, para falar a verdade,
não é da sua conta. – respondeu Harry com rispidez.
-- Tchau. – disse Ronald e
eles saíram do salão, deixando-me sozinha.
Enquanto via eles
atravessarem as portas e sumirem pelos corredores, fiquei pensando em como
alguém poderia ser tão idiota a ponto de preferir não amarelar num duelo
ridículo a garantir que sua casa não perdesse pontos. Saí do salão e fui, com
passos pesados, em direção à torre da Grifinória.
Chegando lá, falei a senha
para a mulher gorda (“focinho de porco) e adentrei na torre. Percy Weasley
estava sentado em uma das poltronas de frente a lareira. Uma vontade súbita de
contar a ele que Ronald e Harry sairiam de noite tomou conta de mim. Em vez de
responder a essa vontade, fui para meu dormitório. Vesti meu roupão e fiquei
sentada na cama, lendo o Livro padrão de
feitiços, 1ª série, enquanto esperava as horas se passarem. Sim, diário, eu
estava esperando dar a hora certa para tentar, pela última vez, impedir a
burrada que Harry e Ronald estavam prestes a fazer.
Quando minhas pálpebras
estavam quase se fechando, olhei para meu relógio e vi que já eram 23h25min.
Saí da cama, em silêncio, tomando o máximo de cuidado para que ninguém do
dormitório acordasse. Desci as escadas espirais e, vendo que nenhum deles
estava ali, sentei-me em uma das poltronas a frente da lareira. Cinco minutos
depois, um barulho nas escadas e passos pela sala comunal me fez virar para a
porta. Harry e Ronald não me viram, por isso, acendi a lâmpada e disse
desapontada:
-- Não posso acreditar que
você vai fazer isso, Harry.
-- Você! – exclamou Ronald
furioso. – Volte para a cama!
-- Quase contei ao seu
irmão. – retorqui. – Percy, ele é monitor, ia acabar com essa história.
-- Vamos. – Rony chamou
Harry e ambos foram em direção ao buraco do retrato.
Eu não ia desistir tão
facilmente, por isso os segui. Enquanto caminhava atrás deles, tentei
persuadi-los com as conseqüências do que fariam.
-- Vocês não se importam com
a Grifinória, vocês só se importam com vocês mesmos. Eu não quero que a
Sonserina ganhe a taça das casas e vocês vão perder todos os pontos que ganhei
com a professora Minerva por saber a Troca de Feitiços.
-- Vai embora. – disse Rony.
-- Tudo bem, mas eu preveni
vocês. – falei, antes de me virar para o retrato da mulher gorda. – Lembrem-se
do que eu disse quando estiverem amanhã no trem voltando para casa. Vocês são
tão...
Mas parei de falar. O pânico
tomou conta de mim. A mulher gorda não estava mais no retrato, agora vazio. Sem
ela lá, como eu poderia entrar?
-- Agora o que é que vou
fazer? – perguntei.
-- O problema é seu. – disse
Ronald. – Nós temos que ir, se não vamos nos atrasar.
Eu não tinha outra escolha a
não ser ir com eles. Eu não ficaria parada na frente do retrato vazio esperando
que a mulher gorda voltasse de repente. Então, corri para alcançá-los.
-- Vou com vocês.
-- Não vai, não.
-- Vocês acham que eu vou
ficar parada aqui, esperando Filch me pegar? Se ele encontrar os três, conto a
verdade, que eu estava tentando impedir vocês de saírem e vocês podem
confirmar.
-- Mas que cara-de-pau! –
exclamou Rony alto.
-- Calem a boca, vocês dois!
– disse Harry bruscamente. – Ouvi alguma coisa.
Nesse momento, ouvi um som
como de algo ou alguém farejando perto de onde estávamos.
-- Madame Nor-r-ra? –
murmurou Rony.
Mas não era Madame Nor-r-ra,
ainda bem. Era Neville, deitado e dormindo no chão. Quando chegamos perto dele,
acordou repentinamente assustado.
-- Graças a Deus que vocês
me encontraram! Estou aqui há horas, não consegui me lembrar da nova senha para
entrar no quarto.
-- Fale baixo, Neville. A
senha é “focinho de porco, mas não adianta nada agora. A mulher gorda saiu.
-- Como está seu braço? –
perguntou Harry.
-- Ótimo. – disse Neville,
erguendo o braço para mostrar a Harry. – Madame Pomfrey consertou-o na hora.
-- Que bom. Olhe, Neville,
temos de ir a um lugar. Vemos você depois.
-- Não me deixem aqui. –
pediu Neville, erguendo-se do chão. – Não quero ficar sozinho. O Barão
Sangrento já passou por aqui duas vezes.
Rony consultou o relógio e
em seguida olhou furioso para mim e Neville.
-- Se formos pegos por causa
de vocês, não vou sossegar até aprender aquela Poção do Morto-Vivo que Quirrel
falou e vou usá-la contra vocês.
Eu ia falar para ele que eu
muito mais fácil ele utilizar um feitiço do que fazer uma poção, mas Harry
pediu para que eu ficasse quieta e assim fiz. Cada curva que fazíamos em cada
corredor, eu ofegava com medo de ver Filch ou Madame Nor-r-ra surgirem de
repente. Neville, ao meu lado, não estava diferente.
Quando chegamos à sala de
troféus, estava um silêncio perturbador. Nem Draco nem seu amigo Crabbe haviam
chegado. E nem iriam chegar, eu tinha certeza. Harry caíra na armadilha de
Draco.
-- Ele está atrasado, quem
sabe se acovardou. – sussurrou Rony, mas eu sabia que era mentira. Parecia que,
tanto eu quanto ele e Harry sabíamos que Draco nunca apareceria.
Um ruído na sala ao lado deu
um susto em todos. Uma voz rouca e que não era a de Draco, resmungava na
escuridão.
-- Vá farejando, minha
querida, eles podem estar escondidos em algum canto.
Era Filch, dando instruções
à Madame Nor-r-a. Horrorizados, começamos a ir em direção a uma porta mais
distante da voz de Filch. Mal tínhamos acabado de passar pela porta, quando
ouvimos Filch entrar na sala de troféus e resmungar mais uma vez.
-- Eles estão aqui.
Provavelmente escondidos.
-- Por aqui! – murmurou
Harry para Neville, Rony e eu, e nós quatro começamos a descer uma galeria de
armaduras. Dava para ouvir os passos de Filch, por isso nos apressamos, mas
Neville, de tão assustado, saiu correndo, agarrou Rony pela cintura e os dois
desabaram em cima de uma armadura. O barulho das peças caindo foi o suficiente
para acordar qualquer um que estivesse dormindo, e ainda mais chamar a atenção
de Filch.
-- CORRAM! – gritou Harry e
assim fizemos. Todos seguiram Harry até que encontramos uma passagem secreta,
onde entramos e saímos perto da sala de Feitiços. Ficamos quietos lá, tendo
apenas nossas respirações ofegantes como som no local.
-- Acho que o despistamos. –
ofegou Harry, apoiando-se na parede fria e enxugando a testa com a manga das
vestes.
-- Eu... disse... a vocês. –
falei, enquanto colocava a mão sobre meu peito, tentando controlar minha
respiração. – Eu... disse... a vocês.
-- Temos de voltar para a
torre da Grifinória – lembrou Rony – o mais rápido possível.
-- Draco enganou você. –
falei para Harry, séria. – Já percebeu isso, não? Não ia enfrentar você. Filch
já sabia que alguém ia estar na sala dos troféus. Draco deve ter contado a ele.
Harry ficou em silêncio e
depois disse:
-- Vamos.
Acho que Harry, mais cedo ou
mais tarde, admitiria que eu tinha razão, mas no momento, parecia que não daria
o braço a torcer. Apenas continuou andando, em silêncio, até que um barulho de
uma maçaneta e disparou da sala de aula à nossa frente.
Era Pirraça. Olhando para
nós, soltou um guincho de prazer.
-- Cale a boca, Pirraça, por
favor! Você vai fazer a gente ser expulso. – disse Harry.
Pirraça gargalhou mais alto.
-- Passeando por aí à
meia-noite, aluninhos? Tsk, tsk. Que feinhos, vão ser apanhadinhos.
Harry tentou convencer
Pirraça, mas parecia que este não lhe daria ouvidos. Para piorar, Rony ordenou
que Pirraça saísse da frente e foi um grande erro. Pirraça começou a gritar
“ALUNOS FORA DA CAMA!” e tivemos que correr. Porém, chegando ao final do
corredor, encontramos uma porta, mas ela estava trancada.
-- Acabou-se! – disse Rony,
empurrando a porta inutilmente. – Estamos ferrados! É o fim!
Passos ecoaram perto de nós.
Obviamente que Filch estava atrás de nós, tendo os gritos de Pirraça como guia.
Mas eu sabia o que fazer.
-- Ah, sai da frente! –
falei para Rony e, puxando a varinha do interior de minhas vestes, dei uma
batida na fechadura e murmurei: -- Alohomora!
A fechadura deu um estalo e
a porta se abriu. Passamos rapidamente por ela, fechamos e colamos nossos
ouvidos nela. À escuta do que estava acontecendo lá fora.
Filch perguntara à Pirraça
onde estávamos e Pirraça pregou uma boa peça nele. Depois de muita conversa,
deu para ouvir Pirraça voar para longe e Filch xingar com raiva.
-- Ele acha que a porta está
trancada. – disse Harry. – Acho que escapamos. Sai para lá, Neville. Que foi?
Neville puxava
freneticamente a manga do robe de Harry, até que ele eu olhamos para onde
Neville encarava assustado.
Olhando bem para frente, vi
que não estávamos numa sala, mas sim em um corredor. O corredor do terceiro
andar. Segundo as regras de Hogwarts que Alvo Dumbledore mencionara no banquete
de boas-vindas, o corredor do terceiro andar era proibido de entrar para todo
aquele que não queria ter uma morte altamente dolorosa e agora eu sabia porquê.
Ergui meus olhos e, diante de nós, estava um cão enorme de três cabeças, cujos
olhos nos encaravam raivosos e de sua boca, escorria uma baba nojenta. Seus
narizes farejavam o ar a nossa volta. De relance, olhei para suas patas e vi
uma porta, de um alçapão talvez, protegido pelo cão de três cabeças. Em pânico,
Neville, eu, Ronald e Harry saímos correndo da sala e disparamos pelo corredor,
não nos importando se encontraríamos Filch no caminho.
Só quando chegamos ao sétimo
andar, em frente ao retrato da Mulher Gorda, foi que consegui me acalmar um
pouco.
-- Onde foi que vocês
andaram? – perguntou ela enquanto seus olhos iam sobre cada um de nós.
-- Não interessa. – ofegou
Harry. – Focinho de porco, focinho de porco.
O girou para frente e
entramos rapidamente na sala comunal. Deitamos nas poltronas de qualquer jeito,
cansados, assustados e trêmulos.
-- Que é que vocês acham que
eles estão querendo com uma coisa daquelas trancada numa escola? – perguntou
Rony, quebrando o silêncio entre nós. – Se existe um cachorro que precisa de
exercícios, é aquele.
-- Vocês não usam os olhos,
vocês todos, usam? – perguntei irritada. – Vocês não viram em cima do que ele
estava?
-- No chão? – arriscou
Harry. – Eu não fiquei olhando para as patas, estava ocupado demais com as
cabeças.
-- Não, não estou falando do
chão. – respondi. – Ele estava em cima de um alçapão. É claro que está
guardando alguma coisa.
Levantei-me e encarei Ronald
e Harry, com raiva.
-- Espero que estejam
satisfeitos com o que fizeram. Podíamos ter sido mortos, ou pior, expulsos!
Agora, se vocês não se importam, eu vou me deitar.
Virei-me e subi as escadas
do dormitório.
Foi isso que aconteceu hoje.
Tanta coisa em apenas um dia. Mas até agora, diário, estou pensando no que
poderia estar no alçapão. Por quê a utilidade de um cão de três cabeças ali?
Seja lá o que for, deve ser algo perigoso e importante que ele deve guardar lá
dentro.
Bem, preciso dormir. Já está
bem tarde.
Boa noite, diário!
A-D-O-R-E-I! Estou seguindo já, inclusive no tumblr! Espero que o tempo passe rápido,pra poder ler mais textos! Bjos
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