segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Capítulo 7: A aula de voo e tudo por um triz



Querido diário,

Sabe, quando as pessoas dizem que há males que vem para o bem, acho que não estão enganados. Vou lhe explicar porquê isso teve a ver com o dia de hoje.
Segundo nossos horários, hoje os alunos da Grifinória e Sonserina do primeiro ano, teriam sua primeira aula de vôo. Os alunos de ambas as casas não paravam de comentar sobre quadribol, o esporte principal do mundo dos bruxos. Simas Finnigan e Ronald Weasley comentavam com Harry Potter e Dino Thomas sobre as partidas curtas de quadribol que jogavam em casa na infância. E não eram só eles que viviam falando de quadribol pelos corredores. Todos os alunos de famílias bruxas do primeiro ano falavam muito sobre o assunto, entre eles, Draco Malfoy, da Sonserina. Ele reclamava em alto e bom som que achava um absurdo os alunos do primeiro ano não poderem entrar nos times de quadribol das casas. Eu, pessoalmente, diário, acho que é melhor assim. Eu nunca achei seguro um bruxo ficar em cima de uma vassoura. Tenho medo de altura, confesso, por isso que eu não estava tão entusiasmada quanto os outros alunos. Em vez de entrar na roda dos alunos ansiosos, eu resolvera ficar apenas lendo o livro Quadribol através dos séculos, que poderia me ajudar muito em minha primeira aula. Alguns alunos, como eu, estavam um pouco nervosos, por isso, durante o café-da-manhã, resolvi ajudá-los com algumas das inúmeras informações do livro. Um dos que mais me perguntavam sobre o que eu dizia era Neville, que parecia tão nervoso quanto eu para a primeira aula. Resolvi lhe contar sobre alguns macetes que encontrei no livro, mas Neville sempre me interrompia para perguntar sobre algo que eu tinha dito. Então, parei de falar assim que o correio-coruja chegou. A coruja-das-torres voou em minha direção e depositou um pacote endereçado na mim, de meus pais. No pacote vinha uma carta deles e uma caixa de docinhos sem açúcar que eles mandavam. Ao meu lado, Neville havia aberto uma caixa pequena que receba de sua coruja e tirara um Lembrol de dentro. Ele estava explicando a Harry o que era um Lembrol, quando Draco Malfoy e seus amigos da Sonserina pegaram o objeto das mãos de Neville. Harry e Ronald deram um salto, prontos para enfrentar Draco, mas, felizmente, a professora Minerva passava no corredor do salão na hora e impediu a briga. Ainda bem.
À tarde, os alunos do primeiro ano da Grifinória saíram da sala comunal e rumaram para fora do castelo. Os alunos da Sonserina já estavam lá e, perto deles, estava Madame Hooch, a professora de quadribol em Hogwarts. Seus cabelos eram curtos e acinzentados, seus olhos amarelos e usava veste azuis.
-- Vamos, o que é que estão esperando? – perguntou Madame Hooch com rispidez. – Cada um do lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.
Todos os alunos obedeceram e se posicionaram. Olhei a vassoura parada no chão e hesitei um pouco. Eram realmente necessárias as aulas de vôo? Eu não gostava nem um pouco de ficar fora do chão, muito menos ficar sobre algo tão estreito como uma vassoura.
-- Estiquem a mão direita sobre a vassoura e digam “Em pé!”. – ordenou a professora e assim fizemos.
Uma coisa intrigante aconteceu. Harry Potter, que estava ao meu lado, assim que disse “EM PÉ!”, a vassoura sobre a qual sua mão estava sobre ela, pulou imediatamente para sua mão. Mas poucos alunos isso aconteceu. Voltei minha atenção para a minha vassoura e, mesmo eu ordenando, ela apenas revirava-se na grama. Tentei manter a voz controlada por causa de meu nervosismo, mas não consegui. Felizmente, eu não era a única. A vassoura de Neville estava imóvel e a de Ronald Weasley deu um solavanco e atingiu em cheio a testa dele. Draco Malfoy conseguira na segunda tentativa fazer a vassoura pular para sua mão. Ele e Harry foram um dos poucos a conseguirem este feito. Eu não estava feliz em não conseguir fazer uma simples e velha vassoura me obedecer e pular para minha mão.
Depois de muitos minutos com os alunos gritando “Em pé!”, a professora nos ensinou a montar nas vassouras sem escorregar pelo outro lado. Era fácil. Tínhamos que apoiar bem os pés nos pedais e segurar bem no cabo. Professora Hooch passou por entre as fileiras corrigindo a maneira dos alunos de se segurarem nas vassouras. Ela chamou a atenção de Draco Malfoy por ele estar segurando de maneira errada e, com rispidez, o ajudou. Depois, retornou à sua posição na frente da turma e disse em alto e bom dom para que todos ouvissem:
-- Agora, quando eu apitar, dêem um impulso forte com os pés. Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quanto eu apitar... três... dois....
Mas Neville, de tão nervoso que estava, dera um impulso muito forte com os pés e pôr-se a voar muito alto, uns seis metros sobre nós. Era óbvio que não tinha um bom controle sobre a vassoura e sua expressão de pavor estava apenas confirmando isso. Madame Hooch gritou para que ele voltasse, mas Neville não conseguia. Até que ele acabara caindo da vassoura em pleno ar e ouviu-se um estalo. Fraturara um osso.
Madame Hooch correu para ele e murmurou algo como “Pulso quebrado. Vamos, menino, levante-se.” Depois, virou-se para o restante da classe.
-- Nenhum de vocês vai se mexer enquanto levo este menino ao hospital! Deixem as vassouras onde estão ou vão ser expulsos de Hogwarts antes de poderem dizer “quadribol”. Vamos, querido.
E Madame Hooch distanciou-se da turma com Neville cujo rosto estava vermelho e repleto de lágrimas. Assim que saíram perto o bastante da turma, Draco Malfoy caiu na risada.
-- Vocês viram a cara dele, o panaca? – disse enquanto dobrava-se de rir, os alunos da Sonserina fazendo coro.
-- Cala a boca, Draco! – retrucou Parvati Patil, o que me deixou realmente surpresa com sua atitude.
-- Uuuu, defendendo o Neville? – disse Pansy Parkinson, uma aluna da Sonserina. – Nunca pensei que você gostasse de manteiguinhas derretidas, Parvati.
Parvati corou e baixou a cabeça. Os alunos da Grifinória, porém, fecharam a cara para os alunos da Sonserina, que agora riam pra valer com o comentário de Pansy Parkinson.
-- Olhe! – disse Draco, pegando uma esfera transparente da grama e o erguia sob os olhos. – É aquela porcaria que a avó do Neville mandou.
Era o Lembrol.
-- Me dá isso aqui, Draco. – falou Harry. Todos os alunos ficaram em silêncio.
Draco soltou uma risadinha desdenhosa.
-- Acho que vou deixá-la em algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?
-- Me dá isso aqui! – gritou Harry, mas Draco já estava na vassoura e voando. Ao contrário de Neville, ele realmente sabia voar bem.
-- Venha buscar, Potter! – desafiou Draco, perto dos ramos altos de um carvalho.
Eu não acreditei que Harry iria mesmo voar. Quer dizer, ele colocaria a turma toda em encrenca. Eu não estava me importando com Draco ou com o pessoal da Sonserina, mas se Harry queria colocar a turma da Grifinória numa enrascada, eu tinha que intervir.
-- Não! – gritei para Harry, quando este pegou a vassoura, pronto para voar. – Madame Hooch disse para a gente não se mexer. Vocês vã nos meter em uma enrascada.
Mas obviamente que Harry não me daria atenção. Eu sabia que ele me ignoraria e voaria do mesmo jeito, mas foi melhor eu tentar pelo menos impedi-lo.
Uma coisa era certa: Harry também sabia voar muito bem. Isso talvez fosse pelo fato do pai dele, Tiago Potter, ter sido apanhador da Grifinória. Ele seria também um apanhador ou integrante do time como o pai, um dia?
Eu estava nervosa. Nervosa pelo fato de Madame Hooch aparecer do nada, ver Harry e Draco montados nas vassouras e colocar a culpa na turma por não impedi-los e de nos expulsar de Hogwarts! Não, eu não agüentaria ser expulsa de Hogwarts, eu não seria!
Houve um momento em que vi Draco falar alguma coisa para Harry e lançar o Lembrol. Harry disparou atrás da pequena esfera transparente, que subia e agora descia rapidamente, indo em direção ao solo. Antes de o Lembrol tocar no chão, Harry o agarrou com agilidade e pousou suavemente na grama. Os alunos da Grifinória, incluindo eu, correram até Harry. Alguns o parabenizavam pelo excelente vôo na vassoura, outros por ter enfrentado Draco daquela maneira e não voltar atrás. Mas antes que a alegria contagiasse mais os alunos, uma voz severa ecoou no local.
-- HARRY POTTER!
A professora Minerva vinha até os alunos com uma expressão dura.
-- Nunca... em todo o tempo que estou em Hogwarts... como é que você se atreve? Podia ter partido o pescoço...
A professora tremia em cada frase dita de tanto espantada que estava com Harry. Os alunos da Grifinória colocaram-se a defendê-lo.
-- Não foi culpa dele, professora...
-- Calada, Srta. Patil.
-- Mas Draco...
-- Chega, Sr. Weasley. Potter, acompanhe-me, agora.
Os alunos da Sonserina, incluindo Draco, Crabbe e Goyle, davam risadinhas de prazer ao ver Harry seguir cabisbaixo a professora Minerva. Os alunos da Grifinória perguntavam entre si o que a professora queria com Harry. Virei-me para Rony Weasley e disse:
-- Viu o que aconteceu? Agora Harry pode ser expulso, ou melhor, todos nós podemos ser expulsos, e você não fez nada para evitar que seu amigo voasse!
-- O que queria que eu fizesse? E além do mais, você está mais preocupada em não se expulsa, não é?
Não respondi. Felizmente, Madame Hooch chegou até nós e pediu para que deixássemos as vassouras no chão, pois a aula já havia terminado por hoje. Ela não mencionara nada sobre Harry ou professora Minerva, então supus que ela não soubesse do acontecido.
Enquanto caminhava pelos corredores até o salão principal, o único assunto sobre os alunos do primeiro ano das casas Grifinória e Sonserina era sobre Harry. Esperançosos, os alunos da Sonserina torciam para que o pior acontecesse e Harry fosse expulso. Por outro lado, os alunos da Grifinória pensavam positivamente e achavam que a professora Minerva só daria, no máximo, uma advertência a ele. Eu esperava que fosse isso.
O dia permaneceu normal, até pelo menos a hora do jantar. Quando Harry entrou no salão, acompanhado de Ronald Weasley, sentaram-se animados na mesa de jantar. Como eu estava a apenas um lugar de distância deles, deu para ouvir o que estavam conversando.
-- Sou o novo apanhador da Grifinória. – disse Harry feliz.
-- Você está brincando! – exclamou Rony. – Apanhador? Mas os alunos do primeiro ano nunca... você vai ser o jogador da casa mais novo do último...
-- Século. – completou Harry. – Olívio me disse.
Dava para perceber que Rony estava absurdamente admirado com a notícia. Tão admirado que esquecera de que estava com o pastelão de rins a caminho da boca.
-- Vou começar a treinar na próxima semana. – continuou Harry. – Só não conte a ninguém, Olívio quer fazer segredo.
Voltei a prestar atenção em minha refeição, enquanto meu cérebro registrava os fatos. Então, Harry não havia se dado mal, no final. Ele fora escalado para novo apanhador do time de quadribol da Grifinória. Acho que estava mesmo confirmado de que Harry tinha mesmo o sangue de um jogador de quadribol nas veias, assim como Tiago Potter, seu pai.
Assim que o jantar fora substituído pela sobremesa, Draco Malfoy, ladeado por Crabbe e Goyle.
-- Comendo sua última refeição, Harry? Quando vai pegar seu trem de volta para a terra dos trouxas?
-- Você está bem mais corajoso agora que voltou ao chão e está acompanhado por seus amiguinhos. – disse Harry calmamente para Draco.
-- Enfrento você a qualquer hora sozinho. – disse Draco. – Hoje à noite, se você quiser. Duelo de bruxos. Só varinhas, sem contato. Que foi? Nunca ouviu falar de um duelo de bruxos, suponho?
-- Claro que já. – respondeu Ronald, virando-se para encara Draco. – Vou ser o padrinho dele, quem vai ser o seu?
Draco demorou um pouco e por fim disse:
-- Crabbe. Meia-noite, está bem? Nos encontramos na sala de troféus, está sempre destrancada.
Draco Malfoy se retirou e Harry e Rony começaram a conversar novamente. Eles não poderiam estar falando sério! Um duelo de bruxos? O que Harry queria afinal? E se ele e Ronald fossem apanhados indo para a sala de troféus por Filch ou algum professor? O que aconteceria à Grifinória? Perderia mais que pontos? Eu tinha que intervir.
Antes de sair do salão, prostrei atrás deles e falei:
-- Com licença.
-- Será que a pessoa não pode comer sossegada neste lugar? – exclamou Ronald, mas ignorei-o e dei atenção a Harry.
-- Não pude deixar de ouvir o que você e Draco estavam dizendo...
-- Aposto que podia. – resmungou Ronald.
--... e você não deve andar pela escola à noite, pense nos pontos que vai perder para a Grifinória se for pego, e você vai ser. É muito egoísmo de sua parte.
-- E, para falar a verdade, não é da sua conta. – respondeu Harry com rispidez.
-- Tchau. – disse Ronald e eles saíram do salão, deixando-me sozinha.
Enquanto via eles atravessarem as portas e sumirem pelos corredores, fiquei pensando em como alguém poderia ser tão idiota a ponto de preferir não amarelar num duelo ridículo a garantir que sua casa não perdesse pontos. Saí do salão e fui, com passos pesados, em direção à torre da Grifinória.
Chegando lá, falei a senha para a mulher gorda (“focinho de porco) e adentrei na torre. Percy Weasley estava sentado em uma das poltronas de frente a lareira. Uma vontade súbita de contar a ele que Ronald e Harry sairiam de noite tomou conta de mim. Em vez de responder a essa vontade, fui para meu dormitório. Vesti meu roupão e fiquei sentada na cama, lendo o Livro padrão de feitiços, 1ª série, enquanto esperava as horas se passarem. Sim, diário, eu estava esperando dar a hora certa para tentar, pela última vez, impedir a burrada que Harry e Ronald estavam prestes a fazer.
Quando minhas pálpebras estavam quase se fechando, olhei para meu relógio e vi que já eram 23h25min. Saí da cama, em silêncio, tomando o máximo de cuidado para que ninguém do dormitório acordasse. Desci as escadas espirais e, vendo que nenhum deles estava ali, sentei-me em uma das poltronas a frente da lareira. Cinco minutos depois, um barulho nas escadas e passos pela sala comunal me fez virar para a porta. Harry e Ronald não me viram, por isso, acendi a lâmpada e disse desapontada:
-- Não posso acreditar que você vai fazer isso, Harry.
-- Você! – exclamou Ronald furioso. – Volte para a cama!
-- Quase contei ao seu irmão. – retorqui. – Percy, ele é monitor, ia acabar com essa história.
-- Vamos. – Rony chamou Harry e ambos foram em direção ao buraco do retrato.
Eu não ia desistir tão facilmente, por isso os segui. Enquanto caminhava atrás deles, tentei persuadi-los com as conseqüências do que fariam.
-- Vocês não se importam com a Grifinória, vocês só se importam com vocês mesmos. Eu não quero que a Sonserina ganhe a taça das casas e vocês vão perder todos os pontos que ganhei com a professora Minerva por saber a Troca de Feitiços.
-- Vai embora. – disse Rony.
-- Tudo bem, mas eu preveni vocês. – falei, antes de me virar para o retrato da mulher gorda. – Lembrem-se do que eu disse quando estiverem amanhã no trem voltando para casa. Vocês são tão...
Mas parei de falar. O pânico tomou conta de mim. A mulher gorda não estava mais no retrato, agora vazio. Sem ela lá, como eu poderia entrar?
-- Agora o que é que vou fazer? – perguntei.
-- O problema é seu. – disse Ronald. – Nós temos que ir, se não vamos nos atrasar.
Eu não tinha outra escolha a não ser ir com eles. Eu não ficaria parada na frente do retrato vazio esperando que a mulher gorda voltasse de repente. Então, corri para alcançá-los.
-- Vou com vocês.
-- Não vai, não.
-- Vocês acham que eu vou ficar parada aqui, esperando Filch me pegar? Se ele encontrar os três, conto a verdade, que eu estava tentando impedir vocês de saírem e vocês podem confirmar.
-- Mas que cara-de-pau! – exclamou Rony alto.
-- Calem a boca, vocês dois! – disse Harry bruscamente. – Ouvi alguma coisa.
Nesse momento, ouvi um som como de algo ou alguém farejando perto de onde estávamos.
-- Madame Nor-r-ra? – murmurou Rony.
Mas não era Madame Nor-r-ra, ainda bem. Era Neville, deitado e dormindo no chão. Quando chegamos perto dele, acordou repentinamente assustado.
-- Graças a Deus que vocês me encontraram! Estou aqui há horas, não consegui me lembrar da nova senha para entrar no quarto.
-- Fale baixo, Neville. A senha é “focinho de porco, mas não adianta nada agora. A mulher gorda saiu.
-- Como está seu braço? – perguntou Harry.
-- Ótimo. – disse Neville, erguendo o braço para mostrar a Harry. – Madame Pomfrey consertou-o na hora.
-- Que bom. Olhe, Neville, temos de ir a um lugar. Vemos você depois.
-- Não me deixem aqui. – pediu Neville, erguendo-se do chão. – Não quero ficar sozinho. O Barão Sangrento já passou por aqui duas vezes.
Rony consultou o relógio e em seguida olhou furioso para mim e Neville.
-- Se formos pegos por causa de vocês, não vou sossegar até aprender aquela Poção do Morto-Vivo que Quirrel falou e vou usá-la contra vocês.
Eu ia falar para ele que eu muito mais fácil ele utilizar um feitiço do que fazer uma poção, mas Harry pediu para que eu ficasse quieta e assim fiz. Cada curva que fazíamos em cada corredor, eu ofegava com medo de ver Filch ou Madame Nor-r-ra surgirem de repente. Neville, ao meu lado, não estava diferente.
Quando chegamos à sala de troféus, estava um silêncio perturbador. Nem Draco nem seu amigo Crabbe haviam chegado. E nem iriam chegar, eu tinha certeza. Harry caíra na armadilha de Draco.
-- Ele está atrasado, quem sabe se acovardou. – sussurrou Rony, mas eu sabia que era mentira. Parecia que, tanto eu quanto ele e Harry sabíamos que Draco nunca apareceria.
Um ruído na sala ao lado deu um susto em todos. Uma voz rouca e que não era a de Draco, resmungava na escuridão.
-- Vá farejando, minha querida, eles podem estar escondidos em algum canto.
Era Filch, dando instruções à Madame Nor-r-a. Horrorizados, começamos a ir em direção a uma porta mais distante da voz de Filch. Mal tínhamos acabado de passar pela porta, quando ouvimos Filch entrar na sala de troféus e resmungar mais uma vez.
-- Eles estão aqui. Provavelmente escondidos.
-- Por aqui! – murmurou Harry para Neville, Rony e eu, e nós quatro começamos a descer uma galeria de armaduras. Dava para ouvir os passos de Filch, por isso nos apressamos, mas Neville, de tão assustado, saiu correndo, agarrou Rony pela cintura e os dois desabaram em cima de uma armadura. O barulho das peças caindo foi o suficiente para acordar qualquer um que estivesse dormindo, e ainda mais chamar a atenção de Filch.
-- CORRAM! – gritou Harry e assim fizemos. Todos seguiram Harry até que encontramos uma passagem secreta, onde entramos e saímos perto da sala de Feitiços. Ficamos quietos lá, tendo apenas nossas respirações ofegantes como som no local.
-- Acho que o despistamos. – ofegou Harry, apoiando-se na parede fria e enxugando a testa com a manga das vestes.
-- Eu... disse... a vocês. – falei, enquanto colocava a mão sobre meu peito, tentando controlar minha respiração. – Eu... disse... a vocês.
-- Temos de voltar para a torre da Grifinória – lembrou Rony – o mais rápido possível.
-- Draco enganou você. – falei para Harry, séria. – Já percebeu isso, não? Não ia enfrentar você. Filch já sabia que alguém ia estar na sala dos troféus. Draco deve ter contado a ele.
Harry ficou em silêncio e depois disse:
-- Vamos.
Acho que Harry, mais cedo ou mais tarde, admitiria que eu tinha razão, mas no momento, parecia que não daria o braço a torcer. Apenas continuou andando, em silêncio, até que um barulho de uma maçaneta e disparou da sala de aula à nossa frente.
Era Pirraça. Olhando para nós, soltou um guincho de prazer.
-- Cale a boca, Pirraça, por favor! Você vai fazer a gente ser expulso. – disse Harry.
Pirraça gargalhou mais alto.
-- Passeando por aí à meia-noite, aluninhos? Tsk, tsk. Que feinhos, vão ser apanhadinhos.
Harry tentou convencer Pirraça, mas parecia que este não lhe daria ouvidos. Para piorar, Rony ordenou que Pirraça saísse da frente e foi um grande erro. Pirraça começou a gritar “ALUNOS FORA DA CAMA!” e tivemos que correr. Porém, chegando ao final do corredor, encontramos uma porta, mas ela estava trancada.
-- Acabou-se! – disse Rony, empurrando a porta inutilmente. – Estamos ferrados! É o fim!
Passos ecoaram perto de nós. Obviamente que Filch estava atrás de nós, tendo os gritos de Pirraça como guia.
Mas eu sabia o que fazer.
-- Ah, sai da frente! – falei para Rony e, puxando a varinha do interior de minhas vestes, dei uma batida na fechadura e murmurei: -- Alohomora!
A fechadura deu um estalo e a porta se abriu. Passamos rapidamente por ela, fechamos e colamos nossos ouvidos nela. À escuta do que estava acontecendo lá fora.
Filch perguntara à Pirraça onde estávamos e Pirraça pregou uma boa peça nele. Depois de muita conversa, deu para ouvir Pirraça voar para longe e Filch xingar com raiva.
-- Ele acha que a porta está trancada. – disse Harry. – Acho que escapamos. Sai para lá, Neville. Que foi?
Neville puxava freneticamente a manga do robe de Harry, até que ele eu olhamos para onde Neville encarava assustado.
Olhando bem para frente, vi que não estávamos numa sala, mas sim em um corredor. O corredor do terceiro andar. Segundo as regras de Hogwarts que Alvo Dumbledore mencionara no banquete de boas-vindas, o corredor do terceiro andar era proibido de entrar para todo aquele que não queria ter uma morte altamente dolorosa e agora eu sabia porquê. Ergui meus olhos e, diante de nós, estava um cão enorme de três cabeças, cujos olhos nos encaravam raivosos e de sua boca, escorria uma baba nojenta. Seus narizes farejavam o ar a nossa volta. De relance, olhei para suas patas e vi uma porta, de um alçapão talvez, protegido pelo cão de três cabeças. Em pânico, Neville, eu, Ronald e Harry saímos correndo da sala e disparamos pelo corredor, não nos importando se encontraríamos Filch no caminho.
Só quando chegamos ao sétimo andar, em frente ao retrato da Mulher Gorda, foi que consegui me acalmar um pouco.
-- Onde foi que vocês andaram? – perguntou ela enquanto seus olhos iam sobre cada um de nós.
-- Não interessa. – ofegou Harry. – Focinho de porco, focinho de porco.
O girou para frente e entramos rapidamente na sala comunal. Deitamos nas poltronas de qualquer jeito, cansados, assustados e trêmulos.
-- Que é que vocês acham que eles estão querendo com uma coisa daquelas trancada numa escola? – perguntou Rony, quebrando o silêncio entre nós. – Se existe um cachorro que precisa de exercícios, é aquele.
-- Vocês não usam os olhos, vocês todos, usam? – perguntei irritada. – Vocês não viram em cima do que ele estava?
-- No chão? – arriscou Harry. – Eu não fiquei olhando para as patas, estava ocupado demais com as cabeças.
-- Não, não estou falando do chão. – respondi. – Ele estava em cima de um alçapão. É claro que está guardando alguma coisa.
Levantei-me e encarei Ronald e Harry, com raiva.
-- Espero que estejam satisfeitos com o que fizeram. Podíamos ter sido mortos, ou pior, expulsos! Agora, se vocês não se importam, eu vou me deitar.
Virei-me e subi as escadas do dormitório.
Foi isso que aconteceu hoje. Tanta coisa em apenas um dia. Mas até agora, diário, estou pensando no que poderia estar no alçapão. Por quê a utilidade de um cão de três cabeças ali? Seja lá o que for, deve ser algo perigoso e importante que ele deve guardar lá dentro.
Bem, preciso dormir. Já está bem tarde.
Boa noite, diário!

Um comentário:

  1. A-D-O-R-E-I! Estou seguindo já, inclusive no tumblr! Espero que o tempo passe rápido,pra poder ler mais textos! Bjos

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