domingo, 31 de julho de 2011

Capítulo 6: A primeira aula de Poções



Querido diário,

Hoje teria sido um dia muito bom se não fossem os dois pontos perdidos para a Grifinória por causa da atitude de Harry Potter na aula de Poções com o professor Severo Snape! Vou lhe explicar como foi.
Conforme estava escrito no pergaminho de nosso horário, teríamos dois tempos de Poções com os alunos do primeiro ano da Sonserina. Depois do café da manhã, os alunos do primeiro ano de ambas as casas (Grifinória e Sonserina), rumaram para as masmorras, onde seria lecionada a aula de Poções. Enquanto caminhava sozinha pelos corredores, tentei lembrar-me de tudo que eu lera em Mil ervas e fungos mágicos e em Bebidas e poções mágicas, caso o professor perguntasse algo sobre um dos livros.
Todos os alunos encontravam-se na masmorra quando o professor Severo Snape irrompeu pela porta. É um bruxo alto, de cabelos pretos e oleosos e um nariz em forma de gancho. Tinha um olhar quase ameaçador, mas não me intimidei, como a maioria dos alunos.
O professor começou a aula fazendo chamada normalmente, até que chegou ao nome de Harry Potter e comentou baixinho, mas audível para os alunos:
-- Ah, sim. Harry Potter. Nossa nova celebridade.
Havia um pouco de ironia em seu tom de voz, mas ainda assim era fria. Alguns alunos da Sonserina riram, entre eles Draco Malfoy, o garoto louro do Expresso de Hogwarts. Os alunos da Grifinória permaneceram em silêncio enquanto o professor terminava a chamada. Depois, guardou o pergaminho e encarou a classe com seus olhos negros. Começou, então, a fazer um discurso, no qual dizia que poderia nos ensinar a engarrafar a fama, cozinha a glória, até a zumbificar, se não fôssemos um bando de cabeças-ocas que mandam para ele ensinar. Não gostei daquela última frase dele, por isso sentei-me mais na frente da carteira para provar o quanto eu estava interessada na aula e que não sou uma cabeça-oca.
De repente, o professor Snape chamou:
-- Potter! O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó em uma infusão de losna?
Ergui a mão imediatamente, por mais que o professor não tivesse dito meu nome, mas eu sabia esta resposta. Era bem fácil de concluir que raiz de asfódelo em pó e infusão de losna produzia uma poção conhecida como a Poção do Morto-Vivo, por ser tão forte se fosse preparada corretamente. Eu lera isso na página 35 do livro Mil ervas e fungos mágicos, no capítulo 18, “Poções para intermediários”. Mas Harry não respondeu ao professor. Apenas fez uma expressão de quem não entendera nada e disse:
-- Não sei, não senhor.
-- Tsk, tsk, a fama pelo visto não é tudo. – disse o professor Snape com uma ligeira satisfação na voz. Ele ignorou-me completamente e baixei a mão novamente.
-- Vamos tentar outra vez, Potter. Se eu lhe pedisse, onde iria buscar benzoar?
Desta vez, ergui minha mão o mais alto que pude, tomando cuidado para não levantar da cadeira. Aquela pergunta era tão fácil quando a primeira, talvez mais ainda. Benzoar era uma pedra tirada do estômago de uma cabra que tinha como salvar uma pessoa da maioria dos venenos. Estava escrito na página 23 do livro Bebidas e poções mágicas, de Arsênio Jigger, capítulo 10, “Antídotos”. Harry, mais uma vez, não sabia responder. Pergunto-me o que será que ele fez depois de comprar os livros. Guardou-os no malão e só os abrira para as aulas? Por quê ele não lia quando está na sala comunal em vez de ficar conversando com Ronald Weasley, que é outro garoto totalmente desinteressado? Ah, eu não entendo eles, sério, diário!
Bem, continuando, Harry disse mais uma vez:
-- Não sei, não senhor.
-- Achou que não precisava abrir os livros antes de vir, hein, Potter?
Harry permaneceu imóvel, com a expressão inalterada. Mas eu sabia que por dentro ele deveria estar fervilhando de raiva por causa do professor. Ainda mais com os alunos da Sonserina rindo da cara dele todas as vezes que dizia “Não sei, não senhor”. Baixei minha mão, desistindo de o professor olhar para mim e me perguntar.
-- Qual é a diferença, Potter, -- perguntou o professor. – entre acônito licoctono e acônito lapelo?
Ergui a mão imediatamente, esperando que desta vez ele notasse. Esta pergunta era ainda mais fácil do que as duas anteriores. Estava escrito no capítulo 6 do livro Mil ervas e fungos mágicos, “Propriedades mágicas e características principais dos ingredientes de poções”. Segundo Fílida Spore, autora do livro, algumas plantas eram classificadas por suas propriedades mágicas e gêneros botânicos e que, embora os acônitos fossem classificados em diferentes nomes devido aos gêneros, era a mesma planta, portanto, não havia diferença.
Infelizmente, mais uma vez, Harry não sabia.
-- Não sei. – respondeu Harry em voz baixa. – Mas acho que Hermione sabe, por que o senhor não pergunta a ela?
Alguns alunos riram. Por mais que eu estivesse agradecida por dentro, não pude deixar de olhar incrédula para Harry. Ele acabara de responder de forma mal-educada a um professor e isso era totalmente errado. Obviamente, a expressão do professor Snape também não foi boa. Uma raiva repentina apareceu em seus olhos e ele veio na direção de Harry.
-- Sente-se. – ordenou rispidamente para mim e sentei-me constrangida. Ele virou-se para Harry e disse friamente:
-- Para sua informação, Potter, asfódelo e losna produzem uma poção para adormecer tão forte que é conhecida como a Poção do Morto-Vivo. O benzoar é uma pedra tirada do estômago da cabra e pode salvá-lo da maioria dos venenos. Quanto aos dois acônitos são plantas do mesmo gênero botânico. – ele aumentou sua voz para a turma. – Então? Por quê não estão copiando o que estou dizendo?
Rapidamente, todos os alunos pegaram suas penas e começaram a tentar escrever tudo o que o professor dissera. Como eu já sabia de cor tudo o que ele havia dito, apenas fiz uma síntese de tudo. O professor ergueu sua voz para todos os alunos, principalmente para os da Grifinória:
-- E vou descontar um ponto da Grifinória por sua impertinência, Potter. 
Todos os alunos da casa suspiraram, chateados. Eu estava brava com Harry, por isso lancei a ele um olhar de reprovação por sua falta de educação com o professor. Até aquele momento, tínhamos perdido um ponto para nossa casa, logo na primeira semana em Hogwarts.
Depois da maioria dos alunos terem escrito o que o professor dissera, ele nos separou em pares e pediu que misturássemos uma simples poção para curar furúnculos. A poção estava na página 7 do livro Bebidas e poções mágicas. Fiquei com Parvati Patil como dupla. Olhando atentamente às instruções do livro, comecei a misturar minha poção, enquanto pedia para que Parvati me dissesse os ingredientes e as quantidades e doses para colocar na poção. O chato era que Parvati era muito distraída e sempre se confundia com os nomes dos ingredientes. Às vezes, eu pegava o livro da mão dela com educação e consultava. Embora eu estivesse muito absorta nos ingredientes e ignorando as vezes em que Parvati tentava puxar assuntos fúteis que não tinham nada a ver com a aula, pude escutar quando o professor Snape elogiava Draco Malfoy e os alunos da Sonserina e também as vezes em que criticava os alunos da Grifinória, principalmente Neville Longbottom, o garoto no qual ajudei a procurar o sapo no trem. No final de tudo, ele derretera o caldeirão de Simas Finningan e recebera ainda uma bronca do professor. O pior foi que sobrou para Harry, que estava ao lado de Neville, mas muito ocupado com sua poção. Embora não tivesse nada a ver com o acidente de Neville, Snape descontou um ponto dele. Admito que dessa vez foi injusto o motivo do professor, mas fiquei calada.
No final da aula, colocamos nossas poções em ampolas e levamos à mesa do professor. Enquanto eu guardava o meu material e saía da masmorra, ouvi Parvati cochichar para Lilá Brown, sua melhor amiga, a alguns passos a minha frente.
-- Essa Granger é muito chata e sem graça! Só queria saber dos ingredientes daquela poção inútil e não queria conversar. Da próxima vez em que o professor Snape me colocar com ela, vou implorar para fazer com você.
Ouvindo aquilo, nem me abalei. Apenas passei com a cabeça erguida por elas enquanto me encaminhava para o Salão Principal para almoçar. Ouvi Lilá abafar um gritinho e Parvati prender a respiração.
Bem, depois de tudo, o dia transcorreu normalmente. Tivemos um tempo de História da Magia depois do almoço e um de Defesa contra as Artes das Trevas com o professor Quirrel.
Estou um pouco cansada, diário. Acho que vou escrever uma carta para meus pais sobre como foi minha primeira semana e amanhã cedo a envio. Vou continuar a ler Quadribol através dos séculos.
Boa noite, diário! 

3 comentários: